'O homem vulgar, por muito dura que lhe seja a vida, tem pelo menos a felicidade de não a pensar.'


Bernardo Soares in Livro do Desassossego






29/06/2008

críticas ao marialva?

'Ser conservador em Portugal é responder afirmativamente a três perguntas fundamentais: a) gosta de touradas? b) gosta de fados? c) gosta do sr. Dom Duarte e chora regularmente pela memória do sr. Dom Miguel? Tão simples, tão rápido: quem gosta de touros, reis e guitarradas pode vestir o traje do conservador marialva, essa ridícula criatura que continua a habitar o imaginário político da direita lusitana. Eu falho nas três questões.(...)'
por João Pereira Coutinho, in Única, Expresso nº1859, 13 Junho 2008

Ecletismo é qualidade superior, refrescante, arrefece o fervor dos extremismos sempre prejudiciais, seja em que campo for. Ecletismo é moderação, é racionalidade, é a institucionalização do civismo. Ecletismo é o trilho que tento seguir, tantas vezes sem êxito, estou consciente. Ecletismo é algo que não vejo nos actos opinativos destes neo-eruditos de esquerda, cobertos por um intelectualismo pseudo-liberal, de tendência homossexual (em lato sensu, naturalmente; não digo que gostem de homens, mas utilizo a palavra homossexual por não existir na nossa língua outro termo que permita referir-me a esta classe que prima por uma amabilidade dúbia, por feitio adocicado e empertigado e por um notório défice de testosterona). Não quero ser mal interpretado: sou um fascinado pela civilização, da qual a cortesia e a boa-educação, mormente o bom-trato e a etiqueta, são expoentes máximos. Mas há que distinguir tão nobres virtudes das exuberantemente pavoneadas por pessoas 'amaricadamente' polidas.

Se ainda ontem nas ruas da cidade que é minha há quatro gerações desfilaram homossexuais e lésbicas (num movimento defendido por mim da mesma forma que defendo qualquer movimento pela liberdade do indíviduo e do livre desenvolvimento dos seus fins) e se, tal como eu, também os joãos pereiras coutinhos louvam este tipo de atitudes, então porquê tamanha cruzada pelo fim do castiço? Se existe o orgulho gay, porque é que os homens não se podem orgulhar de ser homens? Se para uma mulher ser feminista é condição sine que non de ser progressista, porque é que o machismo é pejorativo? A verdade é que a luta pela extinção do marialva é bandeira desta classe que no fundo não passa de um conjunto de carneiros com gostos estereotipados e opiniões fotocopiadas e incontestavelmente repetidas. A diferença entre o eruditismo e o pedantismo é que o primeiro envolve necessariamente o domínio do conhecimento e o exercício do pensamento, enquanto que o segundo passa somente pela ostentação do mesmo, porventura plagiado. Vide Michel de Montaigne. Daí que eu não renegue as origens que carrego no sangue nem a tradição de um povo que é o meu, apenas para pertencer a uma classe pseudo-intelectual de quem não gosto e onde não me revejo. Sou pensador-livre. Emociono-me com a dança mortal entre a besta e o matador na arena e arrepio-me com a saudade que o fado revela. E orgulho-me disso. Gosto de comer bem, de vinho, brandy, whisky. E mais do que isto, muito mais, amo a Mulher. Delicada, frágil. De uma castidade idílica. Abençoada pela evolução da espécie, ser ternurento dotado duma subtileza divinal. Deliciosamente graciosa. Gosto de cortejá-la e tratá-la como mulher. Porque é isso que é.

Sentimento Português


Há um sorriso pequeno nos lábios que amei
Faz tempo que te não via e ao ver-te pensei:
Estás mudada, estou mudado...
E dos jovens que um dia se amaram nasceu este fado

Há um sorriso pequeno no Homem que eu sou
Iniciámos o Amor quando o amor nos chegou
Não me esqueço, não te esqueças
Sempre escondidos, escondemos o Amor feito às pressas

Não penses que te vejo como outrora
A vida esgota a vida hora a hora
O tempo gasta o tempo e marca a gente
O espelho mostra como eu estou diferente
Não estou novo, não sou novo...
Mas não peças que a vida te apague do fundo de mim

Há um sorriso pequeno nos olhos dos dois
Há uma dúvida triste que existe e depois
Fico à espera, estás à espera...
Mas a voz não se atreve e uma lágrima em mim desespera

Que viva España


26/06/2008

25/06/2008

23/06/2008

' Mostrar cólera e ódio nas palavras ou no semblante é inútil, perigoso, imprudente, ridículo e comum. Nunca se deve revelar cólera ou ódio a não ser por actos; e estes podem ser praticados tanto mais perfeitamente quanto mais perfeitamente tivermos evitado os primeiros. Apenas animais de sangue frio são venenosos.
Falar sem elevar a voz: essa antiga regra das gentes do mundo tem por alvo deixar ao entendimento dos outros a tarefa de descobrir o que dissemos. Ora, tal entendimento é vagaroso, e, antes que termine, já nos fomos. Por outro lado, falar sem elevar a voz significa falar aos sentimentos, e então tudo se inverte. Com maneiras polidas e tom amigável, pode-se falar grandes asneiras a muitas pessoas sem perigo imediato.'

We're so creative and so much more/ We're high above, but on the floor

everything about you

17/06/2008

"El Juli", Matalo!

Matalo!

Entre toros, fandanguillos y alegrías,
Nació mi España: la tierra del amor.
Solo Dios pudiera hacer tanta belleza
Y es imposible que pueda haber dos!



16/06/2008

Kitsch?

dr. Hoffman


'Albert Hofmann, the pioneering Swiss chemist and advocate of psychedelics who discovered the hallucinogenic properties of LSD, died Tuesday. He was 102.
Hofmann reportedly died of a heart attack at his home in Basel, Switzerland.

Hofmann's most famous discovery happened on April 16, 1943. He was researching the synthesis of a lysergic acid compound, LSD-25, when he inadvertently absorbed a bit through his fingertips. Intrigued by the effect it had on his perception, Hofmann decided further exploration was warranted. Three days later, on April 19, he ingested 250 milligrams of LSD, embarking on the first full-fledged acid trip. That day became known among LSD fans as "bicycle day" because Hofmann began experiencing the drug's intense effects on his bicycle trip home from the lab.

In his autobiography, LSD, My Problem Child, Hofmann remembered his discovery this way:
"In a dreamlike state, with eyes closed (I found the daylight to be unpleasantly glaring), I perceived an uninterrupted stream of fantastic pictures, extraordinary shapes with intense, kaleidoscopic play of colors. After some two hours this condition faded away."

The experience led Hofmann to begin experimenting with other hallucinogens and he became an advocate of their use, in both the arenas of psychoanalysis and personal growth. He was critical of LSD's casual use by the counterculture during the '60s, accusing rank amateurs of hijacking the drug he still refers to as "medicine for the soul" without understanding either its positive or negative effects.

In a celebration of Hofmann's 100th birthday in 2006, Hofmann told the crowd of well-wishers -- which included 2,000 researchers, scientists, artists and historians -- that "LSD wanted to tell me something. It gave me an inner joy, an open mindedness, a gratefulness, open eyes and an internal sensitivity for the miracles of creation."
Hofmann was also the first scientist to synthesize psilocybin, the active ingredient in psilocybin mushrooms, in 1958.'

Modern Love

Não te amo

Não te amo, quero-te: o amor vem d'alma.
E eu n 'alma – tenho a calma,
A calma – do jazigo.
Ai! não te amo, não.

Não te amo, quero-te: o amor é vida.
E a vida – nem sentida
A trago eu já comigo.
Ai, não te amo, não!

Ai! não te amo, não; e só te quero
De um querer bruto e fero
Que o sangue me devora,
Não chega ao coração.

Não te amo. És bela; e eu não te amo, ó bela.
Quem ama a aziaga estrela
Que lhe luz na má hora
Da sua perdição?

E quero-te, e não te amo, que é forçado,
De mau, feitiço azado
Este indigno furor.
Mas oh! não te amo, não.

E infame sou, porque te quero; e tanto
Que de mim tenho espanto,
De ti medo e terror...
Mas amar!... não te amo, não.