'O homem vulgar, por muito dura que lhe seja a vida, tem pelo menos a felicidade de não a pensar.'


Bernardo Soares in Livro do Desassossego






30/05/2010

25/05/2010

CONTO - Que Violência É Essa Que Cheira A Ambre Solaire? (Parte I de III)

Que violência é essa que cheira a Ambre Solaire?

PARTE I de III

Numa esplanada aplaudida pelo sol ameno de Abril, confrontam-se dois homens. Cafés e portos, pernas cruzadas, tabaco de enrolar.

Imaginaste alguma vez a perfeição?, pergunta o aparentemente mais novo, com aquela condescendência no tom de quem sabe antecipadamente a resposta. É tão minuciosamente atenta à tua predilecção que te derruba, sustentando-te no cativeiro do seu fetiche, como numa gruta com maré-cheia, com o mesmo encantamento imberbe da espera angustiada do girassol entre os dois sóis.

O Outro não lhe respondeu. Fita-o, ao invés, com o sóbrio silêncio de quem não sabe o que dizer, mas que simula entendimento e cumplicidade.

Sim, decerto que já a imaginaste..., continuou o Novo. Mas tê-la-ás experimentado? Eu experienciei-a amiúde, e digo-te que é serena e suave, mas duma macieza astuta, como se te entendesse por absoluto.

O Outro endireita-se na cadeira, muda de posição. Observo-o com alguma indiscrição. Parece-me um desses licenciados cuja postura amadureceu no 3.º ano de faculdade; daqueles que pedem, com disfarçado sacrifício, whisky sem gelo; daqueles que sabem falar sobre actualidade política, económica, desportiva, mas nada mais, porque quando toca o abstracto ou o absurdo, já é coisa de diletantes e gente das artes. É um dr., ostenta a sua condição. Veste uma camisa de colarinho hirto por baixo dum pull-over de gola redonda. As mãos são fortes, à imagem das feições rudes onde a barba cerrada, feita à gillette, lhe colora o semblante duma cinzentude vulgar.

- Tens falado...? – perguntou finalmente o Outro, num tom abafado e solene, que lhe nem permitiu terminar a frase. – Não, retorque o Novo prontamente, enquanto os olhos lhe fogem ao redor.

A secura da sua resposta, somada à inquietação que transpirou de seguida, instituiu um silêncio perturbador que o onera duma rápida mudança de rumo. Então e o Pedro, como é que o gajo está, temos de combinar qualquer coisa, todos...

- Tchh, olha para aquela – interrompeu o Outro, enquanto trocava pesadamente a perna cruzada – ...aquela é que era! O Novo perseguia, com o olhar, mas não a pneumática mulher que deliciara a trivial atenção do Outro.

(continua)

21/05/2010

'Bush invaded a sovereign nation in defiance of the UN.

He's a war criminal! And now I'm supposed to be one of his disposable thugs with a fucking target on my head in the middle of the desert, waiting to be blown up by a car bomb rigged by a 12 year old who loved Friends and Metallica until one of our missiles blew up his house?!

I don't think so!'

11/05/2010



Heifer whines could be human cries
Closer comes the screaming knife
This beautiful creature must die
This beautiful creature must die
A death for no reason
And death for no reason is murder


And the flesh you so fancifully fry
Is not succulent, tasty or kind
It's death for no reason
And death for no reason is murder


And the calf that you carve with a smile
It is murder
And the turkey you festively slice
It is murder
Do you know how animals die?


Kitchen aromas aren't very homely
It's not "comforting", cheery or kind
It's sizzling blood and the unholy stench
Of murder


It's not "natural", "normal" or kind
The flesh you so fancifully fry
The meat in your mouth
As you savour the flavour
Of murder


No, No, No it is murder
No, No, No it is murder
Oh ... and who cares about an animals life?