23/02/2010
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16/02/2010
09/02/2010
George Sand (pseudónimo de Armandine Lucile Aurore Dudevant) e Alfred de Musset escrevem-se, sendo clara a paixão de Musset e a frieza de Sand. Nesta altura, os dois amantes já estão separados - e é absolutamente sedutora a indiferença imperial com que a mulher trata o homem, tratando-o por 'meu amigo'.
Transcrição de Confession d'un Enfant du Siècle, de Alfred de Musset.
'De Musset a George Sand
Escrevi-te da última vez uma carta triste, talvez por cobardia, não me lembro, mas regressei (da nossa antiga casa) e confesso que é a única coisa que ainda não suporto. Só lá fui três vezes e saí sempre como que embrutecido, sem poder falar a ninguém. Dei com cigarros que tinhas estado a fazer antes de partirmos, e que tinham ficado num pires. Fumei-os numa estranha mistura de alegria e tristeza. Além disso roubei uma travessinha meio desdentada, abandonado no lavatório, e trago-a sempre na algibeira. Vê como te conto todas as patetices - mas para que havias de julgar-me mais heróico do que sou? Vou escrever um romance. Apetece-me muito contar a nossa história; e talvez isso me curasse e me pusesse o coração ao alto. Gostaria de te erguer um altar, nem que fosse com os meus ossos. Mas espero a tua licença formal.
(...)
De George Sand a Musset
Que Deus te conserve, meu amigo, nessa disposição de espírito. O amor é um templo que contrói aquele que ama, dedicado a um deus mais ou menos digno do seu culto; e o que há de mais belo no meio disto não é tanto o deus como o altar. Por que hás-de ter receios? Arrisca-te: que o ídolo fique de pé por muito tempo ou que logo se quebre, não impede que hajas construído um belo templo. Tê-lo-á habitado a tua alma e nele espalhado um incenso divino. Uma alma como a tua tem de produzir grandes obras. Mudará talvez o deus, mas o templo permanecerá enquanto tu próprio permaneceres. O coração é bastante rico e poderoso para renovar a divindade, se a divindade desertar do seu pedestal... Vai, tem esperança, e que a tua vida seja tão bela como os poemas sonhados pela tua inteligência. Aquele que sempre se entregar lealmente, generosamente, terá sempre que sofrer, sim, mas nunca terá que se envergonhar.'
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Alfred de Musset,
in Confession d'un Enfant du Siècle
08/02/2010
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