Da universalidade de inquirições e contestações de trivialidades que me são inerentes em razão do observadorismo extremo de que padeço, a condição patética do homem (homem e não Homem) surge-me porventura como das mais revoltantes visto tratar-se duma característica de género, que eu venha, tenha ou partilhe.
A minha colega de gabinete, mostrava-me agora mensagens de hi5 (antro de superficialidades revitalizadoras de egos, poço de Photoshop e manipulação de imagens, premonição ainda mais flagrante do momento decrépito da sociedade do que aquele novo programa da Teresa Guilherme), mensagens dum seu amigo(!) que aproveitava as novas tecnologias para iniciar o seu (primitivo) ritual de acasalamento, e a quem ela ridicularizava, lendo entre risos as deixas que o infeliz deixara como comentário às suas fotos sorridentes, e a sua réplica fria e seca, tornada pública a quem quer que consulte o seu perfil. O facto de eu conhecer o infeliz, que estratégica e honrosamente ocultei, fez-me despender cinco minutos do meu tempo para desabafar com o teclado.
A verdade, despida, sincera, é que temo tremendamente a subserviência da corte do homem. O curvar galante, submisso, inseguro, cheio de piadas fáceis e mornas (por conseguinte, estúpidas) politicamente correctas – não se vá ferir alguma susceptibilidade! – afigura-se perante mim como a mais patética condição masculina, a par com o suplício. Só o gatinhar comiserante perante a divindade feminina, soberba e toda-poderosa, precocemente emancipada (porque está, inegavelmente, no período de infância do seu estágio de igualização) pode ser tão ridiculamente redutor como o acto de implorar.
Depois de tantos anos duma condenável hegemonia masculina, corre-se agora o risco da tirânica ditadura feminina: crua, fria, impiedosa. É por isso que não corro atrás de mini-saias nem de mulheres de olhar errático nas discotecas. É por isso que nem sequer mudo de direcção se avisto alguma. Se o fizesse seria para tentar perceber carácteres enigmáticos, desafiantes para o meu modo subversivo. Mas de cada vez que agora lhes procuro o elemento transcendente captativo da minha atenção e devoção, sou ofuscado com batons berrantes, blush exagerado, unhas encarnadas, sandálias vistosas e malas espampanantes. Talvez a culpa seja minha, talvez sejam vítimas duma fácil descodificação, por força da minha tendência de tudo reduzir a estereótipos e generalizações...
A minha colega de gabinete, mostrava-me agora mensagens de hi5 (antro de superficialidades revitalizadoras de egos, poço de Photoshop e manipulação de imagens, premonição ainda mais flagrante do momento decrépito da sociedade do que aquele novo programa da Teresa Guilherme), mensagens dum seu amigo(!) que aproveitava as novas tecnologias para iniciar o seu (primitivo) ritual de acasalamento, e a quem ela ridicularizava, lendo entre risos as deixas que o infeliz deixara como comentário às suas fotos sorridentes, e a sua réplica fria e seca, tornada pública a quem quer que consulte o seu perfil. O facto de eu conhecer o infeliz, que estratégica e honrosamente ocultei, fez-me despender cinco minutos do meu tempo para desabafar com o teclado.
A verdade, despida, sincera, é que temo tremendamente a subserviência da corte do homem. O curvar galante, submisso, inseguro, cheio de piadas fáceis e mornas (por conseguinte, estúpidas) politicamente correctas – não se vá ferir alguma susceptibilidade! – afigura-se perante mim como a mais patética condição masculina, a par com o suplício. Só o gatinhar comiserante perante a divindade feminina, soberba e toda-poderosa, precocemente emancipada (porque está, inegavelmente, no período de infância do seu estágio de igualização) pode ser tão ridiculamente redutor como o acto de implorar.
Depois de tantos anos duma condenável hegemonia masculina, corre-se agora o risco da tirânica ditadura feminina: crua, fria, impiedosa. É por isso que não corro atrás de mini-saias nem de mulheres de olhar errático nas discotecas. É por isso que nem sequer mudo de direcção se avisto alguma. Se o fizesse seria para tentar perceber carácteres enigmáticos, desafiantes para o meu modo subversivo. Mas de cada vez que agora lhes procuro o elemento transcendente captativo da minha atenção e devoção, sou ofuscado com batons berrantes, blush exagerado, unhas encarnadas, sandálias vistosas e malas espampanantes. Talvez a culpa seja minha, talvez sejam vítimas duma fácil descodificação, por força da minha tendência de tudo reduzir a estereótipos e generalizações...
3 comentários:
Dizia uma defunta suicida, à qual o meu grau amplo de fidelidade não me permite torna-la num qualquer passado, como são a maioria dos livros que li, Mrs. Virginia Wolf:
' What you are is what you get '
E tudo o resto, com ou sem sandália, é a mais pura das demagogias.
Às vezes é mais fácil deixar-se levar pelo sistema, do que martirizar-se com a impossibilidade de ser mais um dos orgulhosos ignorantes que se deixam arrastar pela vida fora...
E se eu fosse a unha encarnada, a mala espampanante, e a publicidade de um perfil de hi5, e ainda assim conseguisse ver a mesma imagem degradante do mundo que tu? o que é que isso faria de mim?
naturalmente faria de ti um cínico e um pouco atrante travesti ;)
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