Sentada no desclassificado Metro
Sem classes, divisões ou cor,
Estava a Rosa, entre o brasileiro e o preto
Primorosa, lendo Os Contos de Maldoror.
Igualdade, marca moderna,
Entre tantas, distinta aquela Rosa.
Discreta e morna, vasta soberba
Como a aurora, despertando-me a prosa.
Por que me olhas, evasiva, ó Rosa?
Eu sou Fôlego, submergindo da ennui
Que colora o vagão cinzento, taciturno,
Condenação dos que andam por aqui.
Vincam-se-lhe dentes brancos nos lábios vivos,
Tez cadavérica com os olhos lívidos;
O cabelo corre-lhe distraído entre os dedos
Rosa és tentação, és os meus ímpetos e medos.
Não me encantes, ó Rosa, sendo cúmplice e conivente;
Não vês – para além do enlameio – que sou apenas sarcasmo?
Não busco o Gräfenberg, nem espero, sou corpo ausente…
Origem do meu crime: farto-me – foge-me o entusiasmo!
Acho que de início me engano e confundo
Impulsivamente, precipita-se-me um ditame,
Par ne pas cherchez dans l’être profond
Une que je ne poux pas penser, Ma Dame…
17/09/2009
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