Somos a meia idade da vida na Terra. Quatro mil milhões de anos passaram, quatro mil milhões passarão. Surgimos – e é no termo surgir que mora a metafísica do meu crer e do meu querer – como procariontes, seres unicelulares; milhões de anos de fotossíntese e a multicelularidade metaformiza-nos em insectos gigantes e crustráceos. Procurámos alimento e conforto na água e peixes fomos; portento da evolução, voltámos à terra, anfíbios; com a graça dos anos, reptilizámo-nos. Mas o calor do ventre era titânico apelo, e prodigiosamente irrompemos mamíferos, primatas, homo sapiens actual. Como seremos nos momentos imediatamente antecedentes à explosão solar, daqui a quatro biliões de anos? O nosso estágio biológico é um milímetro nos quilómetros de evolução. Mas talvez a nossa divindade assente no facto de tornarmos a nossa insignificância especial.
E tu enfias-te numa máquina para ires trabalhar bronzeada segunda-feira?
Pensa.
O legado que carregamos vai além da nossa compreensão, derradeiros exemplares duma gloriosa espécie, praguejando um planeta outrora equilibrado. Curiosa, esta espécie dominou ecossistemas, floras e faunas, elementos e outer space. Talvez também seja essa a nossa divindade – então residiria justamente na nossa insignificância singular. Mais não somos senão um todo, ao longo dos tempos: a formidável evolução de 4 mil milhões de anos. Sozinho, o João Silva, engenheiro, casado, não é nada; apenas um grão de areia no deserto da imemoridade. E no entanto foi pai de três filhos, mimou-os, ensinou-lhes princípios. “–Ensinou-os a sobreviver, tal como a leoa às crias”, dir-me-ás. Mas o João Silva não os ensinou somente a caçar ou trabalhar. Ensinou-lhes a rectidão, a bondade e a equidade. E é precisamente isso que revela o desejo de preservação de uma espécie per si, e não por qualquer subjectividade para quaisquer dos seus elementos (ou por quaisquer instintos). É a isso que me refiro quando digo que tornamos a nossa insignificância especial, única, divina: a espécie humana faz por significar a sua reducente existência.
E tu defines-te como português ou jurista ou médico, benfiquista, liberal ou conservador, muçulmano ou cristão, socialista, monárquico, anarca ou heterossexual?
Pensa.
Relativizando, relativizo-me e te. Relativizo-nos e vos. Parece-me que é essa a cura da angústia de não saber, e o elixir da despreocupação, por não pretender saber. Nada é mau, comparativamente, tal como nada é bom, confrontadamente. Vivendo de um vestígio, exacerbando insensibilidades e distanciando-me do que é dos homens, indeliberadamente asfixio o elemento divinizante a que me referia atrás. Pintando de vulgar a existência, escondendo-me do intento de aqui estarmos e perdendo-me do sentido, inexisto. Tal como se a insignificância existencial, possível fosse, ainda se tornasse mais opaca.
E tu enfias-te numa máquina para ires trabalhar bronzeada segunda-feira?
Pensa.
O legado que carregamos vai além da nossa compreensão, derradeiros exemplares duma gloriosa espécie, praguejando um planeta outrora equilibrado. Curiosa, esta espécie dominou ecossistemas, floras e faunas, elementos e outer space. Talvez também seja essa a nossa divindade – então residiria justamente na nossa insignificância singular. Mais não somos senão um todo, ao longo dos tempos: a formidável evolução de 4 mil milhões de anos. Sozinho, o João Silva, engenheiro, casado, não é nada; apenas um grão de areia no deserto da imemoridade. E no entanto foi pai de três filhos, mimou-os, ensinou-lhes princípios. “–Ensinou-os a sobreviver, tal como a leoa às crias”, dir-me-ás. Mas o João Silva não os ensinou somente a caçar ou trabalhar. Ensinou-lhes a rectidão, a bondade e a equidade. E é precisamente isso que revela o desejo de preservação de uma espécie per si, e não por qualquer subjectividade para quaisquer dos seus elementos (ou por quaisquer instintos). É a isso que me refiro quando digo que tornamos a nossa insignificância especial, única, divina: a espécie humana faz por significar a sua reducente existência.
E tu defines-te como português ou jurista ou médico, benfiquista, liberal ou conservador, muçulmano ou cristão, socialista, monárquico, anarca ou heterossexual?
Pensa.
Relativizando, relativizo-me e te. Relativizo-nos e vos. Parece-me que é essa a cura da angústia de não saber, e o elixir da despreocupação, por não pretender saber. Nada é mau, comparativamente, tal como nada é bom, confrontadamente. Vivendo de um vestígio, exacerbando insensibilidades e distanciando-me do que é dos homens, indeliberadamente asfixio o elemento divinizante a que me referia atrás. Pintando de vulgar a existência, escondendo-me do intento de aqui estarmos e perdendo-me do sentido, inexisto. Tal como se a insignificância existencial, possível fosse, ainda se tornasse mais opaca.
Sei agora que se não servirmos a nossa brevidade de amor, conhecimento e criação, fartando-a (à brevidade) de desejos e impulsos, deleitando-a de prazeres, deliciando a nossa vontade, então nem breve seremos, mas apenas lacunas no livro brancacento e eterno do tempo.
E eu preocupo-me com o “trato sucessivo” de já nem sei bem de quê?
Pensa.
Penso.
E eu preocupo-me com o “trato sucessivo” de já nem sei bem de quê?
Pensa.
Penso.
2 comentários:
n percebi nada... n percebi onde querias chegar...normalmente es claro, este ta um bocado difuso
ACEITAHUMILDEMENTE A MINHA CRITICA CONSTRUTIVA (=
Essa miuda é um exagero, diz que sem ti naõ sabe voar..."
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