Estúpida época, estúpidos dias, estúpida idade. Cincundas-te e nada te estimula. Contextualizas-te e tudo menosprezas. Estúpidas são as pessoas, estúpidos são os móbiles, estúpidas são as formas como passam o tempo. Fita-os demoradamente, olha-os mais fundo que os olhos e perfura-lhes a alma em busca do grito mudo na garganta e do buraco que trazes sempre no estômago. Procura-lhes a profundidade que lhes permitisse provar a dor humana. Raramente a encontras. A ingenuidade é a fórmula da felicidade. És o jogador cansado e falido pelas dívidas à procura da emoção do primeiro black jack.
Da dor humana nunca se fala. Discuti-la é vulgarizá-la. Um Homem sofre sozinho e sofre para dentro. A dor humana prova-se, mastiga-se prolongamente, deixamo-la consumir-nos. Mas a morticidade naqueles que a provaram é inconfundível. Há uma solidariedade intrínseca e silenciosa. Há um estado eufemístico que perdura. És agora o espectro dançante do que foste outrora. És o padre promíscuo e descrente à procura da fé e pureza revigorante dos tempos de seminário.
Deixaste de conseguir fingir sentimento. Há muito que não o sentes mas ainda conseguias fingir fascínio e entusiasmo. Estás agora coberto por uma apatia amarela, embaladora, de certa forma reconfortante. Nada lhes digas, mente-lhes descaradamente. Desabafo é fraqueza e a fraqueza é sempre pisada. Orgulhas-te dos teus erros, és soberano nas tuas acções. Nunca mostras arrependimento. Vives no circuito fechado da tua majestática consciência. Encerras-te no cinismo e no cepticismo. Apagaste a palavra saudade e olhas de soslaio para toda a gente. És mentiroso. Até para ti próprio. És o palhaço ridículo que se esqueceu como rir.
Julgavas que o iluminismo que sentias era a porta para a felicidade. O iluminismo que sentes hoje é condenação à insatisfação- o grau de exigência que sentes é maior que o tamanho da vida. Invejas Caeiro todos os dias. As distracções tornaram-se agora tão fúteis quanto necessárias. Efémoras, não perduram até à próxima manhã. A felicidade está tão perto e tão longe: oásis à distância de um beijo e miragem inalcançável ao fundo do destino. Entraste num círculo maldito: pensar é definição de ti e castigo de ti. Morres de ternura quando fechas os olhos, renasces para um vazio arrepiante quando os abres. És a viúva inconformada e inconsolável que todos os dias faz o jantar ao marido. Estás preso no momento - és o período entre o fecho dos bares e a abertura dos cafés. És a distância entre o divorciado e a moldura que segura nas mãos. És a mnemónica constante de ti próprio. És um voyeur exposto. És a patética decisão de vestir dois gémeos de igual. És o anacronismo de um idoso.
Da dor humana nunca se fala. Discuti-la é vulgarizá-la. Um Homem sofre sozinho e sofre para dentro. A dor humana prova-se, mastiga-se prolongamente, deixamo-la consumir-nos. Mas a morticidade naqueles que a provaram é inconfundível. Há uma solidariedade intrínseca e silenciosa. Há um estado eufemístico que perdura. És agora o espectro dançante do que foste outrora. És o padre promíscuo e descrente à procura da fé e pureza revigorante dos tempos de seminário.
Deixaste de conseguir fingir sentimento. Há muito que não o sentes mas ainda conseguias fingir fascínio e entusiasmo. Estás agora coberto por uma apatia amarela, embaladora, de certa forma reconfortante. Nada lhes digas, mente-lhes descaradamente. Desabafo é fraqueza e a fraqueza é sempre pisada. Orgulhas-te dos teus erros, és soberano nas tuas acções. Nunca mostras arrependimento. Vives no circuito fechado da tua majestática consciência. Encerras-te no cinismo e no cepticismo. Apagaste a palavra saudade e olhas de soslaio para toda a gente. És mentiroso. Até para ti próprio. És o palhaço ridículo que se esqueceu como rir.
Julgavas que o iluminismo que sentias era a porta para a felicidade. O iluminismo que sentes hoje é condenação à insatisfação- o grau de exigência que sentes é maior que o tamanho da vida. Invejas Caeiro todos os dias. As distracções tornaram-se agora tão fúteis quanto necessárias. Efémoras, não perduram até à próxima manhã. A felicidade está tão perto e tão longe: oásis à distância de um beijo e miragem inalcançável ao fundo do destino. Entraste num círculo maldito: pensar é definição de ti e castigo de ti. Morres de ternura quando fechas os olhos, renasces para um vazio arrepiante quando os abres. És a viúva inconformada e inconsolável que todos os dias faz o jantar ao marido. Estás preso no momento - és o período entre o fecho dos bares e a abertura dos cafés. És a distância entre o divorciado e a moldura que segura nas mãos. És a mnemónica constante de ti próprio. És um voyeur exposto. És a patética decisão de vestir dois gémeos de igual. És o anacronismo de um idoso.
1 comentário:
fssss
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