‘Longue vie à la bourgeoisie!’, bradou insolentemente Philipe Chesterfield em período convulso da história gaulesa, onde de entre a agitação social emergiam a passo os primeiríssimos traços duma esquerda totalitária, apropriadora, abolidora da propriedade. Chesterfield era uma peculiar figura da época: o francês mais britânico de França. Descendente da pequena burguesia de comércio, atingiu o restrito circuito da grande burguesia de capitais, tendo cultivado e mantido ao longo da vida os hábitos do país do qual o mar o separava. Bebia brandy em copos largos, fumava cachimbo, tomava sempre o chá das cinco e mandava os criados estrearem-lhe os fatos.
O que distingue Chesterfield do messiânico Obama? Este último surge como a grande salvação mundial, depois da maior diabolização da História feita a George W. Bush, por parte dos media, dos chefes de estado mundiais e, em última análise, por nós, o senso comum, mediante a consciencialização global da expiação de todos os males neste (conveniente) bode. Mas o que Bush representava eram os lobbies (do petróleo, do capitalismo selvagem, do grande capital), e como homem mediano que é, mais não soube fazer do que ser comandado por eles. O grau de desculpabilidade relativo a Bush será sempre, por força da sua inafastável mediocridade, infinitamente superior ao de Barack Obama, este oriundo das elites intelectuais norte-americanas, 44º presidente a quem é incutida a porventura mais difícil tarefa da breve história desse país: a constituição de um Estado Social de Direito. Menos não é admitido a uma democracia moderna e, agravadamente, a um presidente instruído com a formação de jurista em Harvard.
Mas no país mais rural do mundo, o povo massificado, gerador duma sociedade massificante (a insistência no termo é intencional uma vez que é a característica mais alienante a nível socio-cultural, no meu entendimento, por aniquilar a individualidade do ser), não permitirá nunca a inclusão de certos pilares sociais, pela etimológica aversão ignorante que guardam ao socialismo. A verdade é que este povo puritano e inepto não sabe distinguir a conotação estalinista do termo, obsoleta e enterradíssima (excepto na anedótica Cuba e na insignificante Albânia), da assepção europeísta, com carácter humanitário, onde o mercado continua a prevalecer embora com limites mínimos e óbvios, e da qual são corolários impreteríveis a acesso à Saúde, à Educação e à Segurança, e o combate aos efeitos mais flagrantes da pobreza. Já nada tem a ver com as concepções de Marx e Engels mas tão somente com solidariedade. Logo, só por força da mentecaptização do povo americano podem ser explicadas as caricatas e grotescas escolhas de Obama: Hillary Clinton para Secretária de Estado (que votou a favor da guerra no Iraque e que se demonstra ferozmente anti-iraniana), Timothy Geithner para o Tesouro, (um neoconservador que, como tal, rejeita toda e qualquer intervenção do Estado no mercado), Ralph Emannuel para Chefe de Gabinete (um extremista do proteccionismo do comércio e indústria norte-americanas, até agora tem cumprido o seu expediente na NAFTA), e Robert Gates, Secretário da Defesa da Administração Bush que Obama vai manter. O que o povo não percebe é que Obama acabou de nos bradar: ‘Longue Vie à la Grand Bourgeoisie, à concentração do capital e às multinacionais!’.
Parecem assim cada vez mais distantes as promessas de mudança (internas e externas) com que Obama inflamou os corações da ‘criadagem’, já amolecidos pela cor do candidato. Quanto a mim, mantenho-me céptico, no mesmo sítio onde me surgiu o desabafo que, umas horas depois, descarreguei no portátil: nesta fundação de madeira que irrompe pelo areal deserto do inverno, com a neblina da manhã a afastar os inconvenientes e massificados (lá está) veraneantes, com o meu sumo natural, os meus croissants e o meu jornal pela frente. Mas isso sou só eu, que odeio massas e integracionismos, euforias e soluções fáceis, e prefiro manter-me distante e frio, segregado do senso-comum, dissidente nos gostos e pensamento.
O que distingue Chesterfield do messiânico Obama? Este último surge como a grande salvação mundial, depois da maior diabolização da História feita a George W. Bush, por parte dos media, dos chefes de estado mundiais e, em última análise, por nós, o senso comum, mediante a consciencialização global da expiação de todos os males neste (conveniente) bode. Mas o que Bush representava eram os lobbies (do petróleo, do capitalismo selvagem, do grande capital), e como homem mediano que é, mais não soube fazer do que ser comandado por eles. O grau de desculpabilidade relativo a Bush será sempre, por força da sua inafastável mediocridade, infinitamente superior ao de Barack Obama, este oriundo das elites intelectuais norte-americanas, 44º presidente a quem é incutida a porventura mais difícil tarefa da breve história desse país: a constituição de um Estado Social de Direito. Menos não é admitido a uma democracia moderna e, agravadamente, a um presidente instruído com a formação de jurista em Harvard.
Mas no país mais rural do mundo, o povo massificado, gerador duma sociedade massificante (a insistência no termo é intencional uma vez que é a característica mais alienante a nível socio-cultural, no meu entendimento, por aniquilar a individualidade do ser), não permitirá nunca a inclusão de certos pilares sociais, pela etimológica aversão ignorante que guardam ao socialismo. A verdade é que este povo puritano e inepto não sabe distinguir a conotação estalinista do termo, obsoleta e enterradíssima (excepto na anedótica Cuba e na insignificante Albânia), da assepção europeísta, com carácter humanitário, onde o mercado continua a prevalecer embora com limites mínimos e óbvios, e da qual são corolários impreteríveis a acesso à Saúde, à Educação e à Segurança, e o combate aos efeitos mais flagrantes da pobreza. Já nada tem a ver com as concepções de Marx e Engels mas tão somente com solidariedade. Logo, só por força da mentecaptização do povo americano podem ser explicadas as caricatas e grotescas escolhas de Obama: Hillary Clinton para Secretária de Estado (que votou a favor da guerra no Iraque e que se demonstra ferozmente anti-iraniana), Timothy Geithner para o Tesouro, (um neoconservador que, como tal, rejeita toda e qualquer intervenção do Estado no mercado), Ralph Emannuel para Chefe de Gabinete (um extremista do proteccionismo do comércio e indústria norte-americanas, até agora tem cumprido o seu expediente na NAFTA), e Robert Gates, Secretário da Defesa da Administração Bush que Obama vai manter. O que o povo não percebe é que Obama acabou de nos bradar: ‘Longue Vie à la Grand Bourgeoisie, à concentração do capital e às multinacionais!’.
Parecem assim cada vez mais distantes as promessas de mudança (internas e externas) com que Obama inflamou os corações da ‘criadagem’, já amolecidos pela cor do candidato. Quanto a mim, mantenho-me céptico, no mesmo sítio onde me surgiu o desabafo que, umas horas depois, descarreguei no portátil: nesta fundação de madeira que irrompe pelo areal deserto do inverno, com a neblina da manhã a afastar os inconvenientes e massificados (lá está) veraneantes, com o meu sumo natural, os meus croissants e o meu jornal pela frente. Mas isso sou só eu, que odeio massas e integracionismos, euforias e soluções fáceis, e prefiro manter-me distante e frio, segregado do senso-comum, dissidente nos gostos e pensamento.
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